A 9 de março de
1911 era lançado em Lisboa o jornal O Negro: Órgão dos Estudantes Negros. 110
anos depois decidimos fazer uma reedição comemorativa dos três números desta
publicação. Este foi o primeiro periódico de uma geração de ativistas que,
durante 22 anos, se organizou em torno do pan-africanismo, da luta contra o
racismo e da reivindicação de direitos para os territórios colonizados. Este
jornal, que era dirigido por estudantes negros em Portugal, pretendia combater
as «iniquidades, opressões e tiranias», apelava à construção de um partido
africano e exigia da República o fim da desigualdade racial.
Num momento como o actual, em que a sociedade portuguesa e outras entram numa
intensa disputa sobre os legados coloniais e racismo, e em que os jovens negros
são protagonistas de importantes movimentos sociais, a reedição d’O Jornal “O
Negro: Orgão dos Estudantes Africanos”, dificilmente poderia ser mais oportuna.
Trazer para o presente este jornal e revelar a importância do movimento de que
ele fez parte é ferramenta imprescindível para questionar o silenciamento
constante a que a história dos afrodescendentes e africanos é votada na
sociedade portuguesa.
É também homenagear e dar continuidade ao trabalho de Mário Pinto de Andrade
que deixou pistas preciosas para que as gerações seguintes pudessem conhecer a
sua presença multissecular em solo português e a resistência histórica de que
são herdeiros. Assim sendo, reeditar O Negro 110 anos depois não se resume à
comemoração de uma efeméride, mas é o exercício do direito à memória, que é,
acima de tudo, um instrumento de combate antirracista na atualidade.
Disponível na
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Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
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