“Galiza,
VIAJAR COMO UM OPERÁRIO,
NA GALIZA: PELAS PALAVRAS DO ESCRITOR FIALHO DE ALMEIDA
Fialho de Almeida
(1857-1911) foi um dos maiores panfletários da língua portuguesa. Por ter sido
contemporâneo da maior geração de escritores que Portugal já viu, Fialho é uma
figura menos conhecida do público, ocultado de nomes como Antero de Quental ou
Eça de Queirós. No entanto, mais de cem anos depois da sua morte continuamos a
encontrar alguns dos seus livros nos escaparates, em especial Os Gatos, uma
coletânea de textos essencialmente publicados em jornais, ou o País das Uvas,
um livro de contos que presta uma justa homenagem às paisagens idílicas do
mundo rural alentejano. Fialho de Almeida começou a viajar para fora do país
numa fase já adiantada da vida, tendo revelado uma especial predileção pela
Galiza.
O gosto tardio pelas viagens
Depois de enviuvar,
Fialho de Almeida entrou numa fase da vida em que o tempo sobrava e o dinheiro
não o preocupava em demasia (a sua falecida esposa era de uma família de
proprietários alentejanos abastados). Aliás, poderá ter sido essa falta de
urgência – o bom casamento – que limitou o engenho de Fialho de Almeida em
produzir uma grande obra literária, principalmente ao nível da ficção, e vencer
algumas das suas limitações estilísticas, embora a sua fina ironia e sentido
crítico lhe tenham conferido algumas das páginas mais ilustres da língua
portuguesa.
10 anos de viagens
A partir de 1901, Fialho de Almeida viaja com alguma regularidade pela Europa. Na década que teve pela frente até à sua morte em 1911, em Cuba (a do Alentejo), Fialho conheceu a França, a Bélgica, a Suíça, e a Espanha. Mas, foi principalmente o país vizinho que prendeu a sua atenção e nele sobretudo a Galiza, que percorreu calmamente em três ocasiões: entre 10 e 25 de Setembro de 1903; 3 de Junho e 16 de Julho de 1905; 23 de Setembro e 10 de Outubro de 1907 (juntamente com Leon). Os apontamentos que deixou, hoje guardados e tratados, são um importante elemento do património cultural português e galego. Ao lermos as suas páginas sobre a Galiza, não podemos deixar de sentir a enorme ternura que essa terra fecunda do noroeste da Península Ibérica despertou no combativo e enérgico alentejano.
A Galiza em 1905 e hoje
O desafio para
percorrer essa terra irmã que é a Galiza, que pela sua proximidade com Portugal
tantas vezes desconsideramos, torna-se insuperável ao lermos os cadernos de
viagem (no nosso caso seguimos a edição Cadernos de Viagem. Galiza, 1905,
publicado pelo O Independente em 2001). E o mais interessante é, mais de cem
anos depois, encontrarmos as suas palavras nas ruas, pracetas e monumentos,
ainda vivas. E às quais não ficamos indiferentes.
Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também disponível o seguinte título: “As Terras e a Gentes da Galiza e Portugal na Nova Geografia Universal” de Élisée Reclus]
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