domingo, 9 de abril de 2017

Cultura judaica, Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta


“Terra d’Encontros” de Carla Espírito Santo Guerreiro e Lídia Machado dos Santos

Saber e registar como é que se vivia no início do século XX em Trás-os-Montes, mais precisamente, no Sul do distrito de Bragança, foi o propósito que levou Carla Guerreiro a convidar Lídia Machado dos Santos para juntas escreverem um livro.

As duas professoras no Instituto Politécnico de Bragança, e escritoras. A quatro mãos fizeram nascer “Terras d’Encontros”, que se passa em Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta.
Carla Guerreiro é natural daquela aldeia do Planalto Mirandês. Convidou Lídia Machado dos Santos porque queria ver em livro temas que nunca tinha visto abordados.

“Como é que os judeus ainda cultivavam a sua religião e os seus princípios culturais, ou se ainda o faziam. Até que ponto isso era verdade ou mito, porque eles estavam já perfeitamente diluídos na cultura cristã. E como é que se vivia efetivamente em inícios do século XX. As novas gerações menos noção têm, e é importante registar.”

Um romance histórico, com personagens ficcionadas, inspiradas em pesquisas e conversas feitas ao longo de dois anos.
Carla Guerreiro – A cultura judaica e maneira como ela foi sendo preservada ao longo dos tempos, apesar de todos os pesares. De todas as perseguições, todas as condenações, discriminações e ostracizações de que todos os portugueses que partilhavam o judaísmo foram vítimas.
Lídia Machado dos Santos  – E à forma como cristãos e judeus se cruzaram e harmonizaram.
Carla Guerreiro – É uma homenagem aos dois povos. E mostrar como existia um Homem privado e público em termos de comunidade judaica. Publicamente, era de uma certa maneira, não estando de maneira nenhuma a falar de hipocrisia, mas da ‘preservação de’.

Esta obra é também uma homenagem ao judeus e aos cristãos que ficaram, resilientes, na terra.
As autoras têm estado a apresentar este romance histórico. Outros registos foram chegando, e o interesse deixa antever novos planos para as autoras.
Carla Guerreiro – É uma analepse, e são históricas completamente diferentes. Esta questão judaica despertou em nós um interesse muito grande, também por saber o que aconteceu aos que não ficaram na terra, que no séculos XVII e XVIII emigraram para o estrangeiro. O que fizeram e de que formas reorganizaram as suas vidas, e de que forma permaneceram unidos às origens, a Trás-os-Montes.
Lídia Machado dos Santos – A ideia agora é viajarmos, não só no tempo mas no espaço, e irmos ao encontro dessas comunidades. [Onda Livre FM]


«Como diria um velho e sábio amigo, chamam-me Lídia Machado dos Santos. Nasci em Lisboa nos áureos e controversos anos 70, mas cedo os meus pais, nortenhos de raiz, resolveram rumar de novo a Chaves onde se fixaram e onde eu estudei até que a vida de estudante me fez regressar a Lisboa, mais tarde a Hamburgo, Coimbra, depois Vila Real, Vigo, Bragança.
Esses lugares representam, para mim, momentos de aprendizagem, porque estudei em todos eles (conclui as licenciaturas, fui aluna Erasmus e doutorada), mas também cresci como mulher e conheci pessoas, o que é sempre importante, já que, para nos tornarmos seres sociais, temos de nos entrosar na sociedade e sabermos aí viver.
Como professora de Português e Inglês passei por todos os ciclos de ensino até que, há uns anos atrás, surgiu a oportunidade de lecionar na Escola Superior de Educação de Bragança. Aqui abriram-se as portas à investigação no campo da literatura e das línguas – algo que eu ansiava fazer desde que ingressei na primeira faculdade. E foi também no seguimento desta experiência que, em 2013, resolvi concorrer ao prémio Leya, que, embora não me tivesse trazido qualquer “prémio”, me trouxe, certamente, a abertura da última porta para eu começar a escrever e a publicar: a coragem!»

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial... 
[também disponível da autora os seguintes títulos: “Os Filhos do (In)Fortúnio” com Pedro Bessa; “Maggy, a Fada!...” ilustrações de Anabela Vila Nova e “Maggy, a Fada! – A Amora Saltitona” ilustrações José Manuel Gouveia Amaro]

1 comentário:

  1. Boa noite.

    Neste livro tem a relação dos Judeus que moraram em Lagoaça .....Teria o nome de Antonio Jose Brandão , que foi casado com Josefa (Lopes ) D'Almeida ....

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