segunda-feira, 18 de maio de 2015

Visita à Casa Museu Aires Torres, Parada do Pinhão


Visita à Casa Museu Aires Torres
por João Luís Sequeira Rodrigues
dia 24 de Maio de 2015 (domingo), das 8h00 às 14h00
em Parada do Pinhão, Sabrosa, Vila Real


«José Augusto Aires Torres nasceu a 18 de Maio de 1893, em Parada do Pinhão, filho de José Augusto Artur Fernandes Torres e de Ana Maria Aires Vilela. Contudo o seu nascimento ficaria registado como tendo acontecido no dia 28 de Maio de 1893, o que, dada a coincidência com a data do golpe que instaurou a ditadura em 1927, levaria a que Aires Torres ironizasse na celebração desta data.
Aires Torres foi influenciado pela figura do pai, um notável engenheiro civil responsável pela construção do caminho-de-ferro de Moçamedes, uma das grandes obras do colonialismo português e que se destacou, enquanto senador, em 1920, por defender um regime de progressiva independência das colónias africanas, o que lhe viria a causar problemas políticos.
Ficou também marcado pelo meio onde nasceu e que moldou a sua personalidade. Ao longo de toda a vida e obra se referiu a uma infância feliz percorrendo e contemplando as montanhas, as árvores e os rios e aludindo ao amor que sentia pela sua terra natal. Isto é visível, tanto na correspondência que trocou com amigos e familiares, como nos seus livros de poesia.
Aires Torres possuía uma personalidade muito forte de traços bem vincados. Tal como o mundo que o rodeava, Aires Torres era um homem austero, orgulhoso, rígido defensor de princípios éticos e políticos sobre os quais não fazia qualquer tipo de concessões, contemplativo, solitário, que detestava a vulgaridade e a incoerência. Era também um homem extremamente frontal, com um sentido de humor corrosivo que fácil e frequentemente se revoltava com as injustiças. Por outro lado, desde cedo revelou ser um dotado para as artes: representava, tocava piano e viola, cantava e pintava.
Por solicitação do seu tio Zeferino, Aires Torres frequentou o Colégio de Lamego entre 1908 e 1910
Entre 1911 e 1914 frequentou a Escola de Arte de Representar (actual Conservatório Nacional) que concluiu com nota máxima e obtido o 1º prémio desta escola, tendo sido nomeado pelo governo para o quadro do Teatro Nacional.
Foi recrutado para o exército, seguindo, a 27 de Dezembro de 1914, para a guerra em Angola, integrado na coluna de operações ao Sul de Angola, comandada pelo general Pereira d’Eça, onde permaneceu até 17 de Outubro de 1915.
Regressou, então, a Portugal. Retomou a carreira de actor, tendo representado no Teatro Nacional a peça Furtar , da autoria de Bento Mântua.
Contudo, em 21 de Julho de 1917, foi novamente mobilizado desta vez para integrar o Corpo Expedicionário Português que iria participar na I Guerra Mundial, na Flandres. Aires Torres só regressaria a Portugal a 17 de Fevereiro de 1919.
Foi então colocado em Vila Real, no Regimento de Infantaria 13.
Em Fevereiro de 1923, já a viver no Porto, Aires Torres publicou na revista A Águia o poema A Fogueira na Montanha, iniciando assim a sua carreira enquanto poeta.
Em 1925, publicou o primeiro livro de poemas intitulado Inquietação, que recebeu os elogios da crítica especializada e de personalidades letras como Teixeira de Pascoais, Hernâni Cidade ou Sant’Anna Dionísio, entre outras.
Em 28 de Maio de 1926, fruto da decadência do regime republicano, deu-se o golpe que haveria de instaurar a ditadura em Portugal.
Percebendo que o regime ditatorial era nefasto para o país, o movimento do Reviralho formado um conjunto de democratas e republicanos, entre os quais se contava Aires Torres, começou a organizar um golpe revolucionário na tentativa de depor a ditadura
            O golpe eclodiu no Porto a 3 de Fevereiro de 1927, no qual Aires Torres teve uma participação activa.Contudo, esta tentativa revolucionária não decorreu conforme o previsto. Aires Torres, ferido num braço no dia 6 de Fevereiro, foi internado no Posto da Cruz Vermelha. No dia 7 de Fevereiro, o golpe fracassou e Aires Torres fugiu do Posto da Cruz Vermelha tendo encontrado refúgio em Vigo.
            De Vigo, onde permaneceu algumas semanas, Aires Torres seguiu para Paris, onde colaborou na criação da Liga de Paris que tinha como objectivo a reorganização do movimento democrático e a deposição do regime ditatorial que vigorava em Portugal.
Nessa altura o jornal clandestino O Reviralho publicou um poema de Aires Torres intitulado Á Carga, no qual exprimia revolta perante a situação política que então se vivia em Portugal.
Dificuldades de subsistência determinaram que poucos meses depois, em Maio de 1927, Aires Torres tenha regressado a Portugal onde passou a viver na clandestinidade, ocupando-se na organização de actividades subversivas que visavam o derrube do regime ditatorial.
            Na sequência dessas actividades, Aires Torres acabaria por ser detido, em Janeiro de 1929, e preso na Casa de Reclusão da Trafaria. Meses depois evadiu-se da prisão da Trafaria de forma espectacular, contando também para isso com a ineficiência dos serviços prisionais e policiais naquela época.
            Voltou então à clandestinidade e à organização de golpes, sendo rotulado pela polícia como “um dos principais agitadores de aquém Coimbra”. Aires Torres viria a ser novamente preso em 14 de Junho de 1932, ficando detido na Casa de Reclusão do Porto até 7 de Dezembro de 1932, data em que foi libertado ao abrigo da amnistia decretada pelo governo de Salazar aquando da instauração do Estado Novo.
Regressou então à vida militar, percorrendo várias unidades pelo país e repetindo-se os conflitos com as hierarquias militares e consequentes processos disciplinares.
Em 1946, tendo já abandonado o exército, Aires Torres, a convite do Conde da Covilhã (Dr. Júlio Anahory de Quental Calheiros), passou a exercer funções de Chefe dos Serviços de Propaganda da Mabor, Fábrica de manufactura de borracha, fundada em 6 de Abril de 1946.
Ainda em 1946, Aires Torres publicou o seu segundo livro de poemas intitulado Anda às Voltas o Mundo, no qual expressava a sua visão do mundo na ressaca da II Guerra Mundial, e numa época em que Portugal vivia em pleno regime Estado Novo.
Tal como Inquietação, também Anda às Voltas o Mundo recebeu o elogio da crítica literária da época, apesar de ser um livro onde eram visíveis as tendências oposicionistas do autor.
            Nesse mesmo ano viria a falecer precocemente o seu filho Fernão, episódio que marcou profundamente o poeta.
Em 1958, Aires Torres iniciou uma colaboração esparsa no Jornal de Felgueiras no qual publicou alguns dos seus poemas.
            Os últimos anos de vida, antes de adoecer, Aires Torres passou-os no na Casa da Lage, em Celorico de Basto, de onde contemplava o “seu” Marão e no Porto lendo e escrevendo, participando nas tertúlias do café A Brasileira e do Ateneu Comercial do Porto. Faleceu com 84 anos, no dia 10 de Fevereiro de 1979, na sua casa da Rua Alves da Veiga, no Porto.
            Visitar a Casa Museu Aires Torres, em Parada do Pinhão, é uma oportunidade para conhecer mais de perto aspectos da vida e obra de uma personalidade que tomou parte em alguns dos mais significativos episódios da história e da cultura portuguesa do século passado.» João Luís Sequeira Rodrigues


O ponto de encontro é na livraria Traga-Mundos, pelas 8h00, para organizarmos o transporte de todos os participantes – quem tiver lugares livres no seu carro poderá dar boleia a quem não tem transporte. Quem estiver mais próximo de Mesão Frio, o ponto de encontro será à porta da Casa Museu Aires Torres, a partir das 9h00.

Participação grátis, mediante inscrição (até 23 de Maio) na Traga-Mundos, ou pelos seguintes contactos: 259 103 113, 935 157 323, traga.mundos1@gmail.com.


António Alberto Alves
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro
Rua Miguel Bombarda, 24 – 26 – 28 em Vila Real
2.ª, 3.ª, 5.ª, 6.ª, Sáb. das 10h00 às 20h00 e 4.ª feira das 14h00 às 23h00

Próximos eventos:
- de 1 a 30 de Maio de 2015: exposição “A Arquitectura Sen Arquitectos: A Arquitectura Anónima A Través dos Traballos de Vicente Risco” da Fundación Vicente Risco, na Traga-Mundos em Vila Real;
- dia 19 de Maio de 2015 (terça-feira), pelas 21h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa Freguesia – Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, na Universidade Sénior | Centro Cultural em Vila Real;
- dias 26 e 27 de Maio de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e loisas, na 19.ª Feira de Minerais, na UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em Vila Real;
- dias 29, 30 e 31 de Maio de 2015: exposição / venda de livros galego-portugueses, “Actos da Cultura Galego-Portuguesa”, Cultura Que Une, Amarante;
- dia 6 de Junho de 2015 (sábado), pelas 21h00: “Prevenção da Saúde com Plantas Medicinais” por Maria Feliz, na Traga-Mundos em Vila Real;
- dia 7 de Junho de 2015 (domingo), pelas 15h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa Freguesia – Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, em Vilar de Maçada;
- dia 7 de Junho de 2015 (domingo), pelas 17h00: apresentação do livro “Crónicas da Nossa Freguesia – Fidalgos e Plebeus” de José Alves Ribeiro, em Cabêda;
- dias 10, 11, 12, 13 e 14 de Junho de 2015: exposição / venda de livros galego-portugueses, “Actos da Cultura Galego-Portuguesa”, Cultura Que Une, na livraria Linda Rama, na Corunha;
- dias 16, 17 e 18 de Julho de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e loisas, no PAN - Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda, em Morille, Salamanca;
- dias 24, 25 e 26 de Julho de 2015: participação com uma banca de livros, mais algumas coisas e loisas, no PAN - Encontro e Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda, em Carviçais, Torre de Moncorvo.

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