“Outros Territórios
do Vinho | Other Territories of Wine” de Manuel de Novaes Cabral
edição bilingue
"...Ao
percorrer as páginas dos breves ensaios, crónicas e artigos que Manuel de
Novaes Cabral reúne neste seu livro, fica-me a impressão de que há entre nós
esse parentesco, para não dizer essa profunda cumplicidade, que faz da videira
uma venerável explicação de muito daquilo que somos: gente ligada ao vinho, aos
valores e à tradição de cultura e humanidade que ele representa, à paisagem e
ao território em que ele surge, às labutas seculares de que O produz, às
características humanas, históricas e geográficas das regiões a que ele
corresponde, tudo isto para além da nossa ligação pessoal ou circunstancial ao
Porto e ao Douro..." Vasco Graça Moura, no prefácio “Netos da Videira”.
Sob a orientação
gráfica de Maria Adão, contou com a feliz colaboração de Álvaro Siza, Ângelo de
Sousa, Armando Alves, Fernando Lanhas, Francisco Laranjo, Graça Morais, Gustavo
Bastos, Jaime Isidoro, Joana Vasconcelos, João Cutileiro, José Rodrigues, Júlio
Resende e Mónica Baldaque. Foi editado agora, por ocasião dessa magnífica
manifestação que reúne no Porto o que de melhor se faz no mundo do vinho e que
se chama Essência do Vinho - Porto. A parte que não diz respeito aos meus
textos – os desenhos e pinturas que os acompanham e a parte gráfica – resultou
num excelente trabalho. Trata-se de uma obra que está ao nível dos melhores
territórios do vinho e mesmo dos melhores vinhos…
Já no que respeita
às crónicas reunidas neste livro, trata-se de um conjunto de textos que têm em
comum abordarem o cruzamento entre a vinha, o vinho e os territórios onde ele é
produzido. Qual o papel da vinha na preservação e na manutenção da população e
da actividade económica em muitos territórios? Qual o papel do vinho na
promoção e na projecção dos territórios onde é produzido? Qual é a mais valia
desses territórios para a economia? Como é que o turismo pode beneficiar esses
territórios, designadamente através da animação e da revalorização de muitas
actividades que estavam em declínio ou mesmo perdidas? Como é que esse papel
constitui um elemento de preservação e de valorização das culturas locais e
regionais? Quais os elementos de contemporaneidade a que deveremos lançar mão
para valorizar o que nos é legado pelos nossos antepassados e transmitir da
melhor maneira às gerações vindouras?
Estas e outras
questões são abordadas nesse conjunto de crónicas, numa perspectiva
transversal, evitando regionalismos bacocos e tentando olhar para os
territórios do vinho na sua globalidade, mas também na sua diversidade.
É claro que, por
razões diversas, há territórios sobre os quais me debruço mais intensa ou
apaixonadamente. Isso acontece de forma quase inconsciente mas, quando
necessário, assumida!
Vem isto a
propósito de um comentário ao livro que alguém fez e que, apesar de passageiro,
tem a sua razão de ser e merece ser apreciado. Dizia esse alguém que “só é pena
que se trate de um livro sobre o Douro”.
Ora, nada menos
verdadeiro! As questões atrás enunciadas são tratadas de forma transversal,
tentando relacionar os problemas dos diferentes territórios do vinho. Sendo o
autor do Porto e do Norte de Portugal, tendo profundas raízes no Minho e no
Douro e, sobretudo, tendo em conta a força telúrica, humana e cultural em
especial desta última região, Património da Humanidade, não pode ser-lhe
indiferente. Mais: não pode deixar de estar marcado por ela, por toda a carga
que transporta e transmite e por todo o potencial que encerra.
É, por isso,
natural que boa parte das análises e dos exemplos partam do Douro. Por isso
também é devida a própria dedicatória que o livro leva: “aos anónimos construtores-escultores
do Douro Vinhateiro”. Com efeito, a abordagem que faço às questões da
preservação e da valorização dos territórios vitivinícolas e do enoturismo não
são especificamente sobre o Douro. Mas são, isso sim, muitas vezes centradas na
excelência desse território português que tem honras de “cidadão do mundo” -
conforme a própria UNESCO declarou em 2001, nada dizendo de novo, mas
constatando um facto ancestral. São muitas vezes centradas nas enormes e tão
variadas potencialidades do Douro Vinhateiro.
Tanto as regiões do
chamado Velho Mundo vitivinícola como as do Novo Mundo têm as suas
particularidades que podem e devem ser exploradas. Em todas vemos um grande
potencial turístico, com condições para ser explorado. O que geralmente vemos
também é uma fraca ou inexistente aliança entre os sectores vitivinícola e do
turismo, não tirando o partido devido de cada um para o bem de todos. E esse é
um grande desafio que estes sectores têm em mãos. Esse é o grande desafio que
as regiões vitivinícolas devem abraçar.
Manuel de Novaes
Cabral, Wine 33
[http://territoriosdovinho.blogspot.pt/2009/04/os-construtores-do-douro.html]
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[também os títulos:
“Arquitecturas da Paisagem Vinhateira” Natália Fauvrelle (coord.), “Paisagens
de Baco. Identidade, Mercado e Desenvolvimento. Regiões Demarcadas: Vinhos
Verdes, Douro, Dão, Bairrada e Alentejo” de Ana Lavrador, “A Vinha e o Vinho em
Portugal. Museus e Espaços Museológicos” Natália Fauvrelle (coord.), “Viver e
saber fazer. Tecnologias tradicionais na Região do Douro. Estudos preliminares”
Teresa Soeiro, Carlos Coelho Pires, Rui Cortes, José Alves Ribeiro, Hélder
Trigo Marques, Gaspar Martins Pereira, Natália Fauvrelle, Nelson Campos
Rebanda, José Alexandre Roseira, “Vinhos: arte e manhas em consumos sociais – A
apreensão de uma prática sociocultural em contexto de mudança” de Dulce
Magalhães, “Produzir e Beber. A Questão do Vinho no Estado Novo” de Dulce
Freire, “Memórias do Vinho” de Maria João de Almeida e Paulo Laureano, “O Alto
Douro – Um Espaço Contrastante Em Mutação” 4 volumes de Maria Helena Mesquita
Pina, “Vinhos de Portugal . Da vinha ao vinho, variedades e regiões” de
Ceferino Carrera, “Vinho do Porto e a Região do Douro. História da Primeira
Região Demarcada” de Ceferino Carrera, “História do Douro e do Vinho do Porto –
Volume 1 – História Antiga de Região Duriense” Carlos A. Brochado de Almeida
(coord.), “História do Douro e do Vinho do Porto – Volume 4 – Crise e Reconstrução.
O Douro e o Vinho do Porto no Século XIX” Gaspar Martins Pereira (coord.)]