sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Territórios do vinho

“Outros Territórios do Vinho | Other Territories of Wine” de Manuel de Novaes Cabral
edição bilingue

"...Ao percorrer as páginas dos breves ensaios, crónicas e artigos que Manuel de Novaes Cabral reúne neste seu livro, fica-me a impressão de que há entre nós esse parentesco, para não dizer essa profunda cumplicidade, que faz da videira uma venerável explicação de muito daquilo que somos: gente ligada ao vinho, aos valores e à tradição de cultura e humanidade que ele representa, à paisagem e ao território em que ele surge, às labutas seculares de que O produz, às características humanas, históricas e geográficas das regiões a que ele corresponde, tudo isto para além da nossa ligação pessoal ou circunstancial ao Porto e ao Douro..." Vasco Graça Moura, no prefácio “Netos da Videira”.

Sob a orientação gráfica de Maria Adão, contou com a feliz colaboração de Álvaro Siza, Ângelo de Sousa, Armando Alves, Fernando Lanhas, Francisco Laranjo, Graça Morais, Gustavo Bastos, Jaime Isidoro, Joana Vasconcelos, João Cutileiro, José Rodrigues, Júlio Resende e Mónica Baldaque. Foi editado agora, por ocasião dessa magnífica manifestação que reúne no Porto o que de melhor se faz no mundo do vinho e que se chama Essência do Vinho - Porto. A parte que não diz respeito aos meus textos – os desenhos e pinturas que os acompanham e a parte gráfica – resultou num excelente trabalho. Trata-se de uma obra que está ao nível dos melhores territórios do vinho e mesmo dos melhores vinhos…
Já no que respeita às crónicas reunidas neste livro, trata-se de um conjunto de textos que têm em comum abordarem o cruzamento entre a vinha, o vinho e os territórios onde ele é produzido. Qual o papel da vinha na preservação e na manutenção da população e da actividade económica em muitos territórios? Qual o papel do vinho na promoção e na projecção dos territórios onde é produzido? Qual é a mais valia desses territórios para a economia? Como é que o turismo pode beneficiar esses territórios, designadamente através da animação e da revalorização de muitas actividades que estavam em declínio ou mesmo perdidas? Como é que esse papel constitui um elemento de preservação e de valorização das culturas locais e regionais? Quais os elementos de contemporaneidade a que deveremos lançar mão para valorizar o que nos é legado pelos nossos antepassados e transmitir da melhor maneira às gerações vindouras?
Estas e outras questões são abordadas nesse conjunto de crónicas, numa perspectiva transversal, evitando regionalismos bacocos e tentando olhar para os territórios do vinho na sua globalidade, mas também na sua diversidade.
É claro que, por razões diversas, há territórios sobre os quais me debruço mais intensa ou apaixonadamente. Isso acontece de forma quase inconsciente mas, quando necessário, assumida!
Vem isto a propósito de um comentário ao livro que alguém fez e que, apesar de passageiro, tem a sua razão de ser e merece ser apreciado. Dizia esse alguém que “só é pena que se trate de um livro sobre o Douro”.
Ora, nada menos verdadeiro! As questões atrás enunciadas são tratadas de forma transversal, tentando relacionar os problemas dos diferentes territórios do vinho. Sendo o autor do Porto e do Norte de Portugal, tendo profundas raízes no Minho e no Douro e, sobretudo, tendo em conta a força telúrica, humana e cultural em especial desta última região, Património da Humanidade, não pode ser-lhe indiferente. Mais: não pode deixar de estar marcado por ela, por toda a carga que transporta e transmite e por todo o potencial que encerra.
É, por isso, natural que boa parte das análises e dos exemplos partam do Douro. Por isso também é devida a própria dedicatória que o livro leva: “aos anónimos construtores-escultores do Douro Vinhateiro”. Com efeito, a abordagem que faço às questões da preservação e da valorização dos territórios vitivinícolas e do enoturismo não são especificamente sobre o Douro. Mas são, isso sim, muitas vezes centradas na excelência desse território português que tem honras de “cidadão do mundo” - conforme a própria UNESCO declarou em 2001, nada dizendo de novo, mas constatando um facto ancestral. São muitas vezes centradas nas enormes e tão variadas potencialidades do Douro Vinhateiro.
Tanto as regiões do chamado Velho Mundo vitivinícola como as do Novo Mundo têm as suas particularidades que podem e devem ser exploradas. Em todas vemos um grande potencial turístico, com condições para ser explorado. O que geralmente vemos também é uma fraca ou inexistente aliança entre os sectores vitivinícola e do turismo, não tirando o partido devido de cada um para o bem de todos. E esse é um grande desafio que estes sectores têm em mãos. Esse é o grande desafio que as regiões vitivinícolas devem abraçar.
Manuel de Novaes Cabral, Wine 33

[http://territoriosdovinho.blogspot.pt/2009/04/os-construtores-do-douro.html]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também os títulos: “Arquitecturas da Paisagem Vinhateira” Natália Fauvrelle (coord.), “Paisagens de Baco. Identidade, Mercado e Desenvolvimento. Regiões Demarcadas: Vinhos Verdes, Douro, Dão, Bairrada e Alentejo” de Ana Lavrador, “A Vinha e o Vinho em Portugal. Museus e Espaços Museológicos” Natália Fauvrelle (coord.), “Viver e saber fazer. Tecnologias tradicionais na Região do Douro. Estudos preliminares” Teresa Soeiro, Carlos Coelho Pires, Rui Cortes, José Alves Ribeiro, Hélder Trigo Marques, Gaspar Martins Pereira, Natália Fauvrelle, Nelson Campos Rebanda, José Alexandre Roseira, “Vinhos: arte e manhas em consumos sociais – A apreensão de uma prática sociocultural em contexto de mudança” de Dulce Magalhães, “Produzir e Beber. A Questão do Vinho no Estado Novo” de Dulce Freire, “Memórias do Vinho” de Maria João de Almeida e Paulo Laureano, “O Alto Douro – Um Espaço Contrastante Em Mutação” 4 volumes de Maria Helena Mesquita Pina, “Vinhos de Portugal . Da vinha ao vinho, variedades e regiões” de Ceferino Carrera, “Vinho do Porto e a Região do Douro. História da Primeira Região Demarcada” de Ceferino Carrera, “História do Douro e do Vinho do Porto – Volume 1 – História Antiga de Região Duriense” Carlos A. Brochado de Almeida (coord.), “História do Douro e do Vinho do Porto – Volume 4 – Crise e Reconstrução. O Douro e o Vinho do Porto no Século XIX” Gaspar Martins Pereira (coord.)]

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Passeio pedestre em Ludares


Passeio pedestre em Ludares
dia 9 de Fevereiro de 2014 (domingo), pelas 7h30
por Lagoa Trekking para a Traga-Mundos, com o apoio da associação Jovens Astutos e Ludares e Lugares

Em cada terceiro domingo do mês[*] a Lagoa Trekking organiza uma actividade para a Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real.
Assim, para Fevereiro, no dia 9, domingo – de modo a conciliar a disponibilidade de todos os organizadores –, propomos:


PASSEIO PEDESTRE EM LUDARES – Freguesia de Vale de Nogueiras (agora Constantim – Vale de nogueiras), concelho de Vila Real.
Passeio começa no largo da festa em Ludares e incluirá a passagem por alguns pontos do património local: o moinho de água, os palheiros – alguns deles encaixados nos penedos –, o trilho de carro de bois com as marcas das rodas bem marcadas pelo passar contínuo ao longo de anos, as fontes de água – incluirá a narrativa da história do Senhor do Calvário e uma pequena amostra de utensílios que eram utilizados no ciclo do linho.
Visita à aldeia de Ludares - visita guiada por locais (associação Jovens Astutos).
Dificuldade – Baixa
Duração da caminhada e visita – 3,5h (aproximadamente)

Depois de terminado o passeio, para quem desejar prolongar o convívio entre visitantes e locais, haverá um almoço tipicamente transmontano “Feijoada à Transmontana” (a pedido poderá haver a variante vegetariana….), pelas artes de Ludares e Lugares. Visita ao projecto Ludares e Lugares.


O ponto de encontro é na Traga-Mundos, pelas 7h30, para organizarmos o transporte de todos os participantes – quem estiver mais próximo de Ludares, o ponto de encontro será no largo. Asseguramos igualmente mochila day pack, bastões de trekking, seguro de acidentes pessoais, boa disposição e um café na aldeia. É aconselhável cada um levar agasalho e/ou impermeável, botas confortáveis e impermeáveis, água para beber e, caso necessitar, comida leve e energética. Venha trekkar connosco...
Preço por participante: 15,00 euros – preço para estudantes: 13,00 euros (número mínimo de pessoas: 8, número máximo: 20). Almoço: 10,00 euros.
Inscrições (até 7 de Fevereiro) na Traga-Mundos, ou pelos seguintes contactos: 259 103 113, 935 157 323, traga-mundos1@gmail.comtolagoa@gmail.com. Transferência bancária para NIB 0033 0000 45418719535 05.
 [* Salvo outros compromissos por parte da Lagoa Trekking e/ou Traga-Mundos]

 
António Alberto Alves
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro
Rua Miguel Bombarda, 24 – 26 – 28 em Vila Real
2.ª, 3.ª, 5.ª, 6.ª, Sáb. das 10h00 às 20h00 e 4.ª feira das 14h00 às 23h00
259 103 113 | 935 157 323 | traga.mundos1@gmail.com

Próximos eventos:
- dia 7 de Fevereiro de 2014 (6.ª-feira), pelas 21h00: inauguração da exposição “desenhos” por Eduardo Ferreira;
- de 7 a 25 Fevereiro de 2014: exposição “desenhos” por Eduardo Ferreira;
- dia 10 de Fevereiro de 2014 (segunda-feira), pelas 20h00: tertúlia “Abelhas e Homens” por Vítor Vilela e Laura García Fernandez da Apibéricos – Beekeeping [seguido do filme “Abelhas e Homens” realização Markus Imhoof no Teatro Municipal às 22h00];
- dia 23 de Fevereiro de 2014 (domingo), pelas 15h00: III Encontro Livreiro de Trás-os-Montes e Alto Douro, Livraria Rosa d’Ouro, Bragança;
- de 28 de Fevereiro a 18 de Março de 2014: exposição de Rosa Pais e Eduarda Freitas;
- dia 2 de Março de 2014 (domingo), pelas 7h30: passeio pedestre pela orla da Barragem do Azibo + participação no “Entrudo Chocalheiro” de Caretos de Podence, por Lagoa Trekking;
- de 14 a 16 de Março de 2014: passeios pedestres em alta montanha, Sanábria, por Lagoa Trekking;
- dia 30 de Março de 2014 (domingo), pelas 15h00: V Encontro Livreiro, Livraria Culsete, Setúbal.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Aspectos etnográficos, Vila Real, Trás-os-Montes

“Alguns Aspectos Etnográficos do Concelho de Vila Real de Trás-os-Montes” de Maria Emília Campos

- O traje rural até meados do século XX.
- O folclore musical (com a colaboração de Monsenhor Ângelo Minhava).
- O serão na aldeia.

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[também da autora o título: “Colégio Moderno de S. José (Vila Real) – Monografia]

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Joalharia natural


joalharia natural
das artes de Flora de Brincadeiras
João Pinto Vieira da Costa



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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Alves Redol e o Douro

“Alves Redol e o Douro – Correspondência para Francisco Tavares Teles” organização de Gaspar Martins Pereira, colaboração de António Mota Redol e António Tavares Teles

Ao longo de um quarto de século, entre 1945 e 1969, Alves Redol trocou correspondência com Francisco Tavares Teles, comerciante do Pinhão, que acompanhou o escritor neo-realista na preparação dos seus romances e que se tornou um dos seus grandes amigos. Tavares Teles era, de resto, um oásis de cultura no microcosmos duriense dos anos quarenta a sessenta. Colaborador da imprensa local, era um leitor e divulgador compulsivo da literatura portuguesa, associando-se aos círculos intelectuais durienses e de Oposição à ditadura salazarista.
A organização deste livro, da responsabilidade de Gaspar Martins Pereira, contou com a preciosa colaboração de António Mota Redol, filho de Alves Redol, e de António Tavares Teles, filho mais velho de Francisco Tavares Teles, que não só autorizaram a publicação do acervo epistolar como escreveram textos introdutórios e forneceram muitas informações essenciais para a anotação das cartas. Este livro beneficiou ainda de outros contributos, que enriqueceram a sua versão final, a começar pelo de Manuel Tavares Teles, filho mais novo de Francisco Tavares Teles, e alargando-se a amigos de Redol, como Marta Cristina de Araújo, e a amigos ou familiares de algumas das pessoas mais referidas na sua correspondência para Tavares Teles, como Maria da Luz Magalhães, sobrinha de José Arnaldo Monteiro, o outro grande amigo duriense de Redol.


Gaspar Martins Pereira é professor catedrático do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi co-fundador e coordenador científico do GEHVID – Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto (1994-2001). Entre 2007 e 2011, dirigiu o CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço & Memória». Tem desenvolvido diversos projectos de investigação sobre história contemporânea portuguesa, em particular sobre a história da cidade do Porto no século XIX, a história da família e a história do vinho do Porto e da região do Alto Douro. Tem uma vasta obra publicada. Tem realizado, também, numerosas acções no domínio do património histórico-cultural, tendo participado, entre outros projectos, na preparação da candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial e na concepção e instalação do Museu do Douro, de que foi Director até 2007.

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também do autor o título: “Porto Manso”]

domingo, 26 de janeiro de 2014

Exposição "DESENHO", por Eduardo Ferreira

 
Exposição “DESENHO”
por Eduardo Ferreira
inauguração: dia 7 de Fevereiro de 2014 (6.ª-feira), pelas 21h00
exposição de 7 a 25 Fevereiro de 2014
na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro, em Vila Real


Os meus desenhos têm como referência o cinema e a fotografia.
O pontilhado substitui o grão, ou o pixel, servindo o propósito de uma cadeia de reproduções do objecto, por uma nova técnica, num novo suporte. Por outro lado, a morosidade do processo exige um necessário rompimento com o instantâneo e essa opção, reforça a renúncia do vigente “em série” que alimenta o sistema consumista/capital, apesar do reconhecimento de um equilíbrio possível.

Através do desenho procuro retratar a condição humana: o quotidiano, a adversidade, a violência, a luta nas suas diferentes formas.
O afecto e a devoção. Momentos chave, ou marcantes do objecto retratado, que através do envolvimento permitem criar um novo entendimento ou consciência sobre eles, ou nós mesmos.


Não uso o desenho como uma bandeira ideológica, nem pretendo respostas directas e assertivas às questões representadas.
Procuro apenas o prazer no exercício da reflexão.
__________

Eduardo Ferreira nasceu a 2 de Dezembro de 1979 no Pêso da Régua.
É licenciado em Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, em 2009.
Desde de 2001 participou já em exposições individuais e colectivas e em vários fanzines.
Tem trabalhado como designer e ilustrador freelancer desde 2009 e participado em vários projectos de ilustração como por exemplo a capa do romance de estreia Os Idiotas, de Rui Ângelo Araújo (2013), entre outros projectos de ilustração.
[www.eduardoferreira-di.blogspot.pt]




António Alberto Alves
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro
Rua Miguel Bombarda, 24 – 26 – 28 em Vila Real
2.ª, 3.ª, 5.ª, 6.ª, Sáb. das 10h00 às 20h00 e 4.ª feira das 14h00 às 23h00
259 103 113 | 935 157 323 | traga.mundos1@gmail.com
 
Próximos eventos:
- de 3 a 30 de Janeiro de 2014: exposição de fotografia e poesia “Alma Tua” por Norberto Valério e Miguel Gomes;
- dia 9 de Fevereiro de 2014 (domingo), pelas 7h30: passeio pedestre em Ludares por Lagoa Trekking, com Associação Jovens Audazes e Ludares e Lugares;
- dia 10 de Fevereiro de 2014 (segunda-feira), pelas 20h00: tertúlia “Abelhas e Homens” por Vítor Vilela e Laura García Fernandez da Apibéricos – Beekeeping [seguido do filme “Abelhas e Homens” realização Markus Imhoof no Teatro Municipal];
- dia 23 de Fevereiro de 2014 (domingo), pelas 15h00: III Encontro Livreiro de Trás-os-Montes e Alto Douro, Livraria Rosa d’Ouro, Bragança;
- de 28 de Fevereiro a 18 de Março de 2014: exposição de Rosa Pais e Eduarda Freitas;
- dia 2 de Março de 2014 (domingo), pelas 7h30: passeio pedestre pela orla da Barragem do Azibo + participação no “Entrudo Chocalheiro” de Caretos de Podence, por Lagoa Trekking;
- de 14 a 16 de Março de 2014: passeios pedestres em alta montanha, Sanábria, por Lagoa Trekking;
- dia 30 de Março de 2014 (domingo), pelas 15h00: V Encontro Livreiro, Livraria Culsete, Setúbal.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Poesia de Domingos Monteiro

“Poesia [Orações do Crepúsculo, Nau Errante, Evasão, Sonetos]” de Domingos Monteiro


«Domingos Monteiro tinha 16 anos de idade quando publica, em 1920, o seu primeiro livro de versos, Orações do Crepúsculo, que parece evocar, no título, as Escolas Decadentista e Saudosista, em que se situa, apesar do nascimento, cinco anos antes, da explosão de Orpheu. Quem o prefacia, com franco entusiasmo, é Teixeira de Pascoaes, considerando o autor “adorável esperança” e o seu livro “poesia vivida e viva-sincera”. Logo o ano seguinte, Domingos Monteiro dá à estampa mais versos, em Nau Errante, quase todo preenchido por sonetos de grande beleza e perfeição formal. E esta inspiração precoce prometia uma vasta e festejada carreira. Todavia, o escritor encontra outro percurso literário na ficção, tornando-se um dos contistas maiores do século XX português.
A poesia só lhe regressa em 1953, com o livro Evasão (“ E aos poucos/volto a ser eu na noite descoberta...”), quase todo escrito em verso livre, em que transmite muito amargor, muito sofrimento de alma. 25 anos depois, edita Sonetos, o seu derradeiro livro de versos, de grande rigor clássico, pois, como afirma, “revelam uma aceitação pelas regras fundamentais da poesia, que não sendo respeitadas a desvirtuam completamente.” A Imprensa Nacional-Casa da Moeda publica toda esta poesia em volume, prefaciado por António Cândido Franco, cuja sensibilidade e inteligência culta a estudam com admirável compreensão. É uma justiça que se faz ao poeta quase ignorado. » [António Couto Viana,  leitur@ Gulbenkian]


Pousa a tua cabeça no meu peito
Nas minhas mãos as tuas mãos inquietas
Vamos os dois caçar as borboletas
As quimeras dum sonho insatisfeito.

Será de lírios castos nosso leito
Como as almas dos lívidos profetas
De todo o mundo, enfim, virão poetas
Cantar o nosso amor calmo e perfeito.

Ao jeito antigo, calçarás sandálias
E eu curvar-me-ei por sobre as áleas
Para beijar a sombra de teus pés.

Todos te sonharão em teu mistério
Serás p'ra eles como um vulto aéreo
Mas só eu saberei como tu és.

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também do autor os títulos “Contos e Novelas” Vol. I, “Contos e Novelas” Vol. II, “Contos e Novelas” Vol. III, “Contos e Novelas” Vol. IV, “Contos e Novelas” Vol. V, Ensaios]
[Nota: as edições originais da obra de Domingos Monteiro encontram-se esgotadas; esta é uma edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, efectuada entre Maio de 2000 e Junho de 2004, com tiragens de apenas 800 exemplares...]

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sabonetes naturais

Sabonetes naturais, das artes de Ludares e Lugares


Sabonete de azeite, alecrim e argila verde.
Sabonete de figo/giesta branca em leite de burra e água de rosas.
Sabonete de cinza e argila branca, com leve aroma a eucalipto.
Sabonete de erva doce. 
Sabonete de tomilho/ urtiga e argila verde.
Sabonete de carvão ativo
Sabonete de mel
Sabonete de azeite, óleo côco e rosa mosqueta.
Sabonete de azeite, chocolate e laranja.
Sabonete de azeite e rosmaninho selvagem.
Sabonete de Erva-Doce.
Sabonete de enxofre
Sabonete de vinho do Porto, azeite, manteiga karité, óleo de amêndoas doce e óleo de grainha.
Sabonete de Azeite, óleo de amêndoas doce, própolis, infusão de alecrim e argila verde.
Sabonete de Camomila
Sabonete de Limonete/cera pura de abelha/própolis/óleo de amêndoas doce.
Sabonete de urtiga
Sabonete de casca de noz
Sabonete de figo com leite de burra e água de rosas.



Sabão preto de Beldi - 100% azeite transmontano.
(Este sabão é obtido pelo método a quente)

Os muitos benefícios do sabão preto incluem:

1. Ajuda a remover as cicatrizes provocadas pelo acne.
2. Ajuda a remover irritações da pele como erupções cutâneas.
3. É apropriado para todos os tipos de pele.
4. É benéfico para doenças de pele.
Ajuda a reduzir o desconforto associado às doenças da pele tais como a psoríase e eczema.
5. Ajuda na remoção da maquilhagem.
6. Atrasa o envelhecimento da pele.

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[disponível também toda a gama de produtos de Ludares & Lugares]



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

História da Indústria das Sedas em Trás-os-Montes

 “História da Indústria das Sedas em Trás-os-Montes” de Fernando de Sousa, Vol. I e II

Para além da história da Indústria das Sedas em Trás-os-Montes propriamente dita e das fontes que se publicam, este trabalho é ainda enriquecido com as biografias das personalidades e técnicos que tiveram uma influência ou papel relevantes na mesma; igualmente se publica uma cronologia respeitante à indústria das sedas em Trás-os-Montes; um glossário da indústria das sedas, para melhor compreensão do vocabulário utilizado ou constante das fontes publicadas; e, finalmente, uma recolha de poesias relativas à amoreira, ao bicho da seda e à referida actividade económica daquela região.

«Segundo ao Abade de Baçal a seda chegou a Trás-os-Montes no século XV: "Em 1475 o duque de Guimarães representou a el-rei que tendo feito contrato com Rui Gonçalves de Portilho e Gabriel Pinello, genovês, para lavramento da seda em Bragança, e não sendo a da terra suficiente, porque era indispensável mais fina, lhe pedia, portanto, que isentasse de direito a que importasse de Almeria e de outras partes de fora do reino, para aquele serviço. D. Afonso V concedeu-lhe a isenção com certas cláusulas. (...) Em 1531 pedia-se ás côrtes que as sedas que se creassem e obrassem em velludos, tafetás, retrozes e outras obras, assim na cidade (de Bragança) como na terra, podessem ir livremente pelo reino vender-se, sem pagarem nenhuns direitos de alfandega, levando certidão do escrivão da Camara."(Abade de Baçal, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, tomo II, p. 452)
(...)
Mas, foi no século XVIII, no reinado de D.José I, que o marquês de Pombal desenvolveu e protegeu as indústrias portuguesas provocando um surto manufactureiro da seda em Trás-os-Montes. "As suas manufacturas tem muita extracção para todo o reino e foram mesmo para a America, para o que concorre muito a liberdade de extracção, sem pagar direitos, concedida ás manufacturas do reino por D. José I, pelos decretos de 2 de abril de 1757 e 24 de outubro do mesmo anno. Sustenta o dito negociante João Antonio Lopes Fernandes cento e oito teares, sendo o maior numero de tafetás em que consome todos os annos oito mil arrateis de seda, a qual é de Italia quasi toda por ser a da provincia muito mal fiada. A provincia de Traz-os-Montes é tão abundante de seda que colhe regularmente vinte mil arrateis della fina e outro tanto de seda macha e redonda." (Abade de Baçal, tomo II, p.455) (1 arrátel, também chamado de libra, era igual a: 0,459 kg)» [blogue Pereiros de Ansiães]

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Contos do Barroso

“Contos de Gostofrio” de Bento da Cruz

Prémio Fialho de Almeida da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos


«Há aqui [em Contos de Gostofrio] uma incontestável denúncia da miséria, de todas as misérias, de uma das mais frustes regiões do nosso país subdesenvolvido […] mas esse testemunho é envolvido pela mesma nostalgia doirada, pela mesma comunhão com tudo e com todos, de As Pastagens do Céu de um Steinbeck. E isso, longe de se me figurar demérito, aparece-me como virtude de homem e de escritor. Eis como um livro tão voluntariamente localizado, fruto e expressão da experiência tão aderente de simpatia, que permitiu a Bento da Cruz erguer a sua galeria de homens e bichos e, às vezes, de homens-bichos, assim alcança a sua ampla universalidade.» Urbano Tavares Rodrigues, Do Prefácio

Após uma ausência de largos anos, eu regressava à minha terra sem nada para oferecer ao espanto dos patrícios: nem carro espampanante, nem malas cravejadas de amarelo, nem aves exóticas, nem sotaque estrangeiro, nem sequer mais gordo. Além disso, o meu feitio misantropo tinha piorado com os invernos e não me permitia grandes relatos sobre as terras por onde andara nem sobre as gentes que vira. Perdera também a faculdade de abrir a boca perante a beleza dos filhos, a gordura das vacas e o aumento da fazenda dos meus companheiros de infância. De modo que estes, desiludidos, concluíram que eu regressava pobre ou doente, e, a pouco e pouco, foram-me voltando as costas. Entretanto eu reconhecia que fora engodado pela saudade do paraíso perdido e que viera ao encontro duma ilusão. A casa de meus avós desfizera-se, os meus parceiros de aventuras tinham envelhecido e até a paisagem era outra: beirais de telha, luz elétrica, rodovia alcatroada, a floresta e a barragem. Portanto só me restava um caminho: arranjar as coisas e partir de novo. Antes, porém, teria de honrar a memória de meus pais, colocando-lhes uma cruz na sepultura. Com esta ideia, dirigi-me a Fontefria para pedir licença à junta da paróquia e conselho ao abade. [de “O Vilaguicha”]

“Contos de Gostofrio” é uma das mais populares obras do autor, mas surge agora com uma nova edição e revisão. 

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também do autor os títulos “Contos de Gostofrio”, “Histórias da Vermelhinha”, “O Retábulo das Virgens Loucas”, “Histórias de Lana-Caprina”, “A Fárria”, “Guerrilheiros Antifranquistas em Trás-os-Montes”, “Prolegómenos I”, “Prolegómenos II”, ”, “Prolegómenos III”, “Camilo Castelo Branco por Terras de Barroso e Outros Lugares” e “República e Incursões Monárquicas – Um Padre Guerrilheiro de Barroso” com António Chaves, Barroso da Fonte, José Baptista]

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Senhor Barroso, Senhor Coelho, Senhor Carriço

Senhor Barroso, Senhor Coelho, Senhor Carriço

caraça de pasta de papel
pelas artes dos tornadouro

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Memórias em A. Passos Coelho

“Memórias de Céu e Inferno” de A. Passos Coelho

O inferno é uma invenção pré-histórica de certo fanatismo religioso, destinado ao suplício de almas malvadas. O paraíso fora concebido para premiar eternamente as almas boas; localiza-se no céu, em sítio incerto. Não obstante os avanços tecnológicos no domínio da astronáutica, ainda se não vislumbrou o preciso lugar desse almejado destino das almas sãs, cujos corpos se finaram. Do inferno nunca nenhum sábio ousou definir a topografia, e não existe notícia de que alguém se tenha interessado em descobrir-lhe o paradeiro. Por mim, creio que o inferno é nesta vida e não está equipado com caldeirões efervescentes, terríficos braseiros, sofisticados aparelhos flageladores. Cada pessoa pode ter o seu inferno. O meu foi a fome, o frio, a miséria que vivi até aos oito anos num casebre imundo de Peneda…. Completamente alheio à tragédia que assolava a Europa, com a avalanche militar nazi subjugando a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo e parte da França, posto que detida pelos soviéticos em Stalinegrado, e repercutindo-se gravemente no nosso país em dificuldades económicas que nos impunham graves restrições alimentares, eu era feliz em Chaves. Vivia feliz na simpática, bonita, acolhedora, farta cidade fronteiriça flaviense. Vivia no céu!


«O livro de A. Passos Coelho Memórias de Céu e Inferno é um verdadeiro retrato social do Portugal dos anos 40 do século XX. Repleto de descrições fortes e recorrendo a um estilo literário único, o autor descreve de forma ímpar os afetos e os dramas de uma época extraordinariamente difícil.» [Douro Hoje]

«Primeiramente devemos salientar que o texto que se segue não pretende ser uma recensão crítica da obra em epígrafe, por não sermos detentores de competências para tanto, mas apenas uma opinião resultante de uma leitura atenta e interessada do livro em apreciação.
 Na linha de tantos médicos que optaram por ser simultaneamente escritores, de que, entre nós, temos como exemplos Júlio Diniz, Miguel Torga e Fernando Namora, A. Passos Coelho, com uma notável carreira de Pneumologista no campo da Medicina, dá-nos, em “Memórias de Céu e Inferno”, uma obra de grande interesse narrativo, que seguimos com progressivo interesse, à medida que as páginas se vão sucedendo, prendendo-nos na teia bem urdida que por vezes nos arrebata, forçando-nos a resistir à tentação de caminhar para a última página e descobrir se o final é feliz (ou nem por isso..).


Ao longo do livro, tentamos descobrir a razão do título; primeiramente fazemos a ligação com a vida atribulada do protagonista, cujo nascimento coincidiu com a morte da mãe, ficando entregue a uma tia que, pobre, cheia de filhos para alimentar e de problemas tremendos para resolver, numa vida arrastada e muito sofrida, honrou o compromisso assumido perante a irmã, no leito de morte, de o tratar como se seu filho fosse.
A tia, a primeira guardiã, a quem se seguiriam duas outras, que a morte acabaria por levar, deixando o jovem por duas vezes à beira do Inferno, quando do seu passamento, servindo de lenitivo os tempos passados no Céu, assim pelo autor considerado como os períodos de proteção da extremosa mãe que D. Guida fora e, sobretudo, de D. Céu, que, de omnipresente mãe adotiva, passou sucessivamente a amante suprema e, a seu tempo, a sua primeira e bem amada Esposa.
É aliás deveras interessante a definição que o autor nos dá de inferno: “uma invenção pré-histórica, de certo fanatismo religioso, destinado ao suplício de almas malvadas. O paraíso fora concebido para premiar eternamente as almas boas; localiza-se no céu, em sítio incerto…Do inferno nunca nenhum sábio ousou definir a topografia, e não existe notícia de que alguém se tenha interessado em descobrir-lhe o paradeiro. Por mim, creio que o inferno é nesta vida…cada pessoa pode ter o seu inferno. O meu foi a fome, o frio, a miséria que vivi até aos oito anos num casebre imundo de Peneda…”.
Mais tarde veremos que o inferno, para o nosso protagonista, não acabou aqui, mas antes se fez sentir ainda noutros momentos, se bem que com outras características, diferentemente penosas. O pior momento foi o da morte da Querida Céu, Esposa Amada, que, ao falecer nos seus braços, com sempre ela desejara, após prolongada doença, o fez mergulhar de novo no Inferno, agora mais profundo que os anteriores.
Em contrapartida, no dizer do nosso herói, em Chaves “vivia feliz na simpática, bonita, acolhedora, farta cidade fronteiriça flaviense. Vivia no céu!”.

Céu e Inferno, de que ele receava não se libertar tão cedo, após a morte da Esposa, talvez até nem o desejasse, pelo menos de início. Mas a vida ainda tinha muitas surpresas para ele. Na pessoa da antiga enfermeira de Céu, Ema, ele viria de novo a reencontrar o Amor e, claro, o Céu.
Ema, que o estimulou a compilar as memórias da sua vida, até então, a que anuiu com grande relutância, pois não se sentia capaz de tal. Mas com o auxílio de Ema, tudo se tornou mais fácil. Até o título, que só na última frase do livro ficamos a conhecer: “Memórias de Céu e Inferno”. Por outras palavras, a centralidade de Céu na vida de Silvestre é incontornável; e, fora dela, ainda que um tanto exageradamente, só parece haver Inferno.
Mas agora há Ema. E o Céu voltou de novo. Para ficar, espera-se, deseja-se!


Nota muito positiva, pois, para este “Memórias de Céu e Inferno”, de A. Passos Coelho, escrito numa linguagem acessível mas com algumas imagens apelando a forte erudição por parte dos leitores, nada que o recurso a um bom dicionário não resolva. E um enredo bem tecido, que prende da primeira à última página. Destacando sempre a enorme beleza de umas das regiões mais prendadas de Portugal, centrada no Douro, e a memória de um País dos tempos de Salazar, que convém não desconhecer, porque de memória importante se trata. Até para compreender melhor o presente e atuar adequadamente no futuro.
Estão pois de parabéns o Autor e a Editora, pela obra de que vivamente recomendamos a leitura.
Tito Ferreira de Carvalho, Economista / Professor Universitário [blogue literário Os Nossos Livros]

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também do autor os títulos: “Gente da Minha Terra” (contos), “Histórias Selvagens” (contos), “Zélia” (romance), “Mais Gente da minha Terra” (contos)]

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Início do Teatro Português

“Os Bobos Durienses de D. Sancho I e o início do Teatro Português” de Altino Moreira Cardoso

«O Dr. Altino Moreira Cardoso nasceu na freguesia de Loureiro, concelho da Régua. É pois um homem do Douro, terra-mãe que ama com desvelo filial. Mas para ele, o amor à terra só faz sentido quando põe ao seu serviço as suas capacidades de investigador e intelectual. Na verdade, o Dr. Altino Moreira Cardoso tem vindo a construir, paulatina e metodicamente, uma reputação de estudioso da história, assim como de outros vários aspectos da cultura duriense. Seja-nos permitida uma referência especial aos três volumes do seu monumental Grande Cancioneiro do Alto Douro, publicados em 2006, 2007 e 2009, em que reúne e comenta milhares de espécimes do corpus musical popular da sua região natal.
Mas não fiquemos por aí. A Idade Média no Douro tem também merecido a sua atenção, quer em trabalhos, extensamente documentados, sobre a naturalidade duriense de D. Afonso Henriques (tese defendida no livro Afonso Henriques Nascido e Educado no Douro, de 2010, e reafirmada em D. Afonso Henriques – Os Mistérios e a Lógica, de 2011), quer sobre o papel da Ordem de Cister na produção do ‘vinho cheirante de Lamego’, que se havia de chamar mais tarde, por uma dessas injustiças que se cometem levianamente, vinho do porto (tema central de A Magna Carta da História do Vinho do Porto – A Escritura de Cister (1142), de 2011, ampliada dois anos depois em Do Vinho de Missa de Cister ao Vinho do Porto – A ‘Magna Karta’ de 1132).

A sua mais recente obra, Os Bobos Durienses de D. Sancho I e o Início do Teatro Português, continua essa linha de estudo e valorização do Alto Douro omnipresente na obra do Dr. Altino Moreira Cardoso. Nela, pretende o Autor, escudando-se sempre em documentação laboriosamente recolhida e contextualizando historicamente, pôr nos seus devidos termos a velha questão de quem foi verdadeiramente o fundador do teatro português. E nessa pendência põe em causa o ‘pioneirismo poético-teatral’ de Gil Vicente e toma partido pelo papel desempenhado pelo rei D. Sancho I, criado e educado em Britiande, no Douro (rei cuja acção muito admira e a quem de resto já dedicara em 2012 o estudo Poesia Tradicional Duriense com D. Sancho I o Primeiro Trovador), fazendo remontar esse pioneirismo aos bobos de D. Sancho, Bonamis e Acompaniado (a quem o rei, grato pelo papel deles na animação da sua corte, faria mercê de terras em Canelas do Douro).
É uma tese que, como todas as teses, pode gerar antíteses, mas que merece pelo menos ser discutida pelos especialistas na matéria. Esperemos que da discussão saia a luz e fiquemos a saber, de uma vez por todas, a quem creditar os primórdios da dramaturgia nacional: se aos arremedilhos dos bobos Bonamis e Acompaniado, se aos autos e farsas de Mestre Gil Vicente, ou se à obra de algum terceiro ainda por encontrar.»

A. M. Pires Cabral, Nota Preambular

Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial...
[também disponíveis as seguintes obras do autor:
Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real...
[também dos autores os títulos: “Canções para todas as Escolas” – exemplares esgotados na editora, “Grande Cancioneiro do Alto Douro” Volume I – Cantigas da Vinha (600 músicas e letras) com um estudo prévio, Volume II – Tunas Rurais, Natal – Reis – Embalar, Rimances, Cantares Religiosos, Cantares do Trabalho, Cantares ao Desafio, Volume III – Os Cantares em Contexto – histórico, literário, musical, europeu”, “Rimanceiro do Alto Douro – 110 rimances com um estudo introdutório”, “A Magna Carta da História do Vinho do Porto – a escritura de Cister (1142)” e “Poesia Tradicional Duriense – com D. Sancho I, o Primeiro Trovador”, “Do Vinho de Missa de Cister ao Vinho do Porto – a ‘magna karta’ de 1132”]