“O Amor e Outros
Sufocos” de Adriana Sydor
noite
agarrar a porção da noite
que está marcada como destino
de cada um,
que é cais, saída e chegada.
espalhar cada uma das estrelas nos cantos do espírito
nas encostas da alma
nas esquinas dos pensamentos.
carregar as fatias das noites mais escuras
como se fossem brilhantes
e pensar que brilhantes também
são pedras
que sempre estiveram crispando,
cintilando,
piscando,
antes de se anunciarem.
saber que a carga da noite já
não existe inteira
e que nunca existiu.
não há noite inteira
nem seus pedaços
as estrelas transformadas em brilho,
quando crispam,
cintilam e piscam
são o passado
e explodiram no infinito do tempo
carregando reticências,
ladeando realidade.
quem embala sua porção de noite, ciranda bêbada,
no colo dos dias
ou arrasta as escuridões
por caminhos de sombra
comete o desafio do tempo,
dá as mãos ao passado
pisoteia o futuro
apaga o porvir.
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"O amor e outros sufocos", de Adriana Sydor.
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