“A Formosa
Pelicana” de José Mário Leite
«Uma chapa redonda,
metálica e enferrujada, aparentando ser uma moeda antiga, é-lhe colocada no
tampo metálico da mesa da esplanada do Café Central em Moncorvo, onde tomava,
como habitualmente, o pequeno-almoço. Despertou-lhe a atenção a enigmática
inscrição, percetível, numa das faces: “INHOC”. No outro lado algo mais
legível, mas, para ele, não menos enigmático: ANTONIVS.I.
Adormecida entre as
frinchas das pedras da muralha do castelo, por mais de quatro séculos, o
“meio-tostão de sangue” veio desinquietar Jorge Manuel Marçano Vilela e
transportá-lo para um dos períodos mais excitantes do importante burgo
nordestino, onde, a par com a mulher mais bela de Portugal, se cruzavam
portugueses e espanhóis, cristãos, judeus e marranos, juízes, duques, infantes,
almocreves e agricultores, padres, frades, inquisidores e irmãos do Santo
Ofício, poetas, clérigos e saltimbancos, homens honrados, mercenários e
salteadores, traidores, fiéis, esbirros e espiões, refugiados, aventureiro e
invasores.
Grandiosidade e
pequenez, fidelidade e traição, crença e suspeição, lealdade e conspiração,
amor e ódio, religião, crendice e política, saíram da pequena moeda, testemunha
muda mas indelével de dramas, glória, sucessos e infortúnios da Idade Média num
dos maiores centros políticos, religiosos e administrativos do norte de
Portugal.»
Disponível na
Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... |
Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila
Rial...
[também disponível
do autor o seguinte título: “A Morte de Germano Trancoso”]
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