quarta-feira, 10 de novembro de 2021

 


“A Formosa Pelicana” de José Mário Leite

 

«Uma chapa redonda, metálica e enferrujada, aparentando ser uma moeda antiga, é-lhe colocada no tampo metálico da mesa da esplanada do Café Central em Moncorvo, onde tomava, como habitualmente, o pequeno-almoço. Despertou-lhe a atenção a enigmática inscrição, percetível, numa das faces: “INHOC”. No outro lado algo mais legível, mas, para ele, não menos enigmático: ANTONIVS.I.

 Adormecida entre as frinchas das pedras da muralha do castelo, por mais de quatro séculos, o “meio-tostão de sangue” veio desinquietar Jorge Manuel Marçano Vilela e transportá-lo para um dos períodos mais excitantes do importante burgo nordestino, onde, a par com a mulher mais bela de Portugal, se cruzavam portugueses e espanhóis, cristãos, judeus e marranos, juízes, duques, infantes, almocreves e agricultores, padres, frades, inquisidores e irmãos do Santo Ofício, poetas, clérigos e saltimbancos, homens honrados, mercenários e salteadores, traidores, fiéis, esbirros e espiões, refugiados, aventureiro e invasores.

 Grandiosidade e pequenez, fidelidade e traição, crença e suspeição, lealdade e conspiração, amor e ódio, religião, crendice e política, saíram da pequena moeda, testemunha muda mas indelével de dramas, glória, sucessos e infortúnios da Idade Média num dos maiores centros políticos, religiosos e administrativos do norte de Portugal.»

 Disponível na Traga-Mundos – livros e vinhos, coisas e loisas do Douro em Vila Real... | Traga-Mundos – lhibros i binos, cousas i lhoisas de l Douro an Bila Rial... 

[também disponível do autor o seguinte título: “A Morte de Germano Trancoso”]

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