«TRAGA_MUNDOS
o segundo lugar que
conheci virtualmente antes de pisar em Vila Real foi a Traga Mundos.
escarafunchei posts, acompanhei textos, vi fotos, gostei da onda, do conceito.
quando cheguei, a
cidade estava fechada, lockdown, silêncio, ruas vazias.
inverno.
árvores sem folhas,
temperatura que variava pouco em volta do marco zero, vento.
porque era preciso
esticar as pernas, de vez em quando eu vestia todas as roupas disponíveis e
saía para caminhar.
lugar novo, tudo é
interessante, tudo é possibilidade.
o primeiro
endereço: o número 24 da rua Miguel Bombarda, a Traga Mundos.
a porta estava
fechada, o aviso, a Covid.
mas a vitrine
estampava toda sorte de prazeres.
da leitura ao
vinho, das flores ao azeite, dos objetos às fotos, tudo rico, particular e
iluminado, contrastando com a cidade sombria que passava muda em sua calçada.
lá dentro, vi pelo
vidro, o António
solitário, quieto, atrás de um livro. tinha uma luzinha fraca e aconchegante
que o abraçava e o ajudava na empreitada da leitura.
entre mim e ele, o
vidro. me esforcei para não fazer movimentos bruscos que o tirassem de sua
concentração.
quando a cidade
conheceu dias melhores, Antônio reabriu. foi o primeiro lugar que visitei de
verdade em Vila Real no meu desconfinamento.
encontrei um homem
falante, contador de histórias, que sabe de muitas coisas de muitos lugares. e,
como era de se esperar, indica leituras como ninguém.
conheci uma
livraria impecável, charmosa, que vive e sobrevive no ofício livreiro de
espalhar histórias, marcar e mudar a humanidade.
acho que o António
deveria ser eleito como representante oficial da cidade. e a Traga Mundos o
primeiro endereço a ser conhecido, conquistado, saudado.
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