sábado, 18 de julho de 2020

Feira do Livro do Porto 2020


FEIRA do LIVRO do PORTO 2020

livraria traga_mundos: há 7 anos presente com stand...

«Música e pandemia combinam com os livros da sétima edição da Feira do Livro do Porto, que se realizará sob e sobre a pandemia. “A voz poética no feminino" vai ser homenageada na abertura ao público - entre os dias 28 de agosto e 13 de setembro - dos jardins do Palácio de Cristal e do Pavilhão Rosa Mota

Depois da “deriva”, pode vir o questionamento. O que fazer com uma Feira do Livro quando se pisam tempos pandémicos? Pode-se torná-la invisível ou escrever uma carta com ela, como fez Maria de Sousa antes de morrer vítima de covid-19 com “Carta de Amor numa Pandemia Vírica”, e, como escreveu Andreia C. Faria, levar a “Alegria para o fim do mundo”.

Com medidas de precaução no bolso, a Câmara do Porto optou por um percurso difícil: enfrentar a pandemia "homenageando a voz poética no feminino" e, assim, reabrir ao público - entre os dias 28 de agosto e 13 de setembro - os jardins do Palácio de Cristal e o Pavilhão Rosa Mota, que há tão pouco tempo serviu de hospital de campanha na cidade.

A visita aos planos traçados para a sétima edição com organização autárquica da Feira do Livro do Porto é iniciada à “deriva” pelos jardins do Palácio e com poesia de Leonor de Almeida. Jornalista e publicista - “mas também enfermeira, visitadora de higiene, dona de um salão de beleza, fisioterapeuta, escritora” - e ainda pouco reconhecida no circuito literário, esta mulher nascida no Porto em 1909 é uma das homenageadas, a par com a a imunologista e escritora Maria de Sousa, falecida este ano vítima de covid-19.

"O que procurámos, dadas as circunstâncias, foi a diversificação de espaços e a programação de atividades simultâneas”, começa por explicar o presidente da autarquia, Rui Moreira. O objetivo é que os eventos “permitam uma maior abrangência de público e, ao mesmo tempo, garantam as condições de segurança". E por isso o evento estende-se este ano até à Casa do Roseiral, onde diariamente, ao pôr do sol, haverá Concertos de Bolso e Concertos Porta Jazz.
No auditório Almeida Garrett acontecerá a programação de cinema, com um ciclo dedicado à artista e realizadora Lynn Hershman e no Pavilhão Rosa Mota vai ocorrer uma sessão especial das Quintas de Leitura que dará voz a 30 poetas mulheres, “vozes certeiras” - chama-lhes a equipa de programação liderada por Nuno Faria - como Filipa Leal e Natália Freire.

PELA PRIMEIRA VEZ E POR VIA DOS PLANOS DE CONTINGÊNCIA, A ENTRADA DEIXA DE SER LIVRE

De 1820 a 2020, há um intervalo de 200 anos sobre a revolução liberal do Porto. A Feira do Livro da cidade também se debruçará sobre “noções dadas como adquiridas” que agora voltam a ser questionadas, em Conversas Situadas às sextas e sábados em que duas figuras fazem o contraponto entre 1820 e 2020 em aspetos como Liberdade e Censura, Igualdades e Liberdades, Mulher e Homem.

Na sua sétima edição, a Feira do Livro terá 119 stands de livros, representando 80 entidades, de editoras a alfarrabistas, e mais 25 mil euros em relação ao ano anterior - o que representa um investimento de 125 mil euros por parte da autarquia. Inês Lourenço e Andreia C. Faria são as duas escritoras residentes e em residência na feira deste ano, que terá como concerto de encerramento um espetáculo a quatro mãos, de Mário Laginha e Pedro Burmester.

Dadas as restrições à proximidade física, haverá um máximo de visitantes, “cerca de 3.500 pessoas”, avança Rui Moreira, e, por isso, "muitas atividades serão transmitidas através da rádio".

A Avenida das Tílias, onde estarão estacionados os stands, terá uma definição "clara" dos acessos de entrada e saída, com um reforço de sinalética e fracos com álcool gel, promovidos como os meios de pagamento sem contacto. São as condições para que, em breve, também a possamos ver revestida de livros.

Joana Ascenção, “Expresso”, 14 julho 2020

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